Centenas paraguaios e brasileiros fecharam a Ponte da Amizade das 11 às 12h30 de sexta-feira (29) em protesto ao golpe que derrubou o presidente Fernando Lugo e feriu a democracia no país vizinho. A mobilização interrompeu o trânsito na fronteira por tempo indeterminado.
Participaram do protesto movimentos sociais do Brasil e do Paraguai. Do lado brasileiro, participaram representantes da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, o MST; Via Campesina, além de sindicatos trabalhistas e estudantes. Do país vizinho, representantes do Movimento Campesino, 20 de abril, entre outros.
Durante cerca de 30 minutos houve um impasse para que os movimentos sociais do Paraguai chegassem até a Ponte da Amizade para se reunir com os brasileiros. “Queremos abraçar o povo brasileiro que está nos apoiando neste momento em que caímos nas mãos da extrema-direita. Estamos sendo oprimidos”, disse Pedro Torres, integrante do movimento 20 de Abril, do Paraguai.
Marcha – Depois de muita luta, cerca de três mil paraguaios conseguiram chegar até a ponte. Eles chegaram sob a escolta da tropa de choque do Exército. Além do Movimento Campesino, muitos ambulantes de Ciudad Del Este fecharam seus pontos de comércio para participar da marcha.
“Estamos aqui para demonstrar nossa revolta e indignação com o golpe. Queremos a volta da democracia em nosso país e não queremos mais viver uma ditadura”, disse a integrante do Movimento Campesino Catalina Fernandez. O protesto contou com uma forte presença policial, porém nenhum incidente foi registrado.
Para o coordenador do MST e Via Campesina, Nildemar da Silva, a participação dos brasileiros no protesto serve tanto para demonstrar solidariedade como para protestar contra o que, para ele, “fere os princípios da democracia”. “Este golpe foi influenciado pelo sistema agro-exportador latino-americano, que conta inclusive com a presença de brasileiros”, apontou.
Para o dirigente da APP - Sindicato, Fabiano Severino, além de um ato de solidariedade, é necessário que os movimentos sociais e o povo brasileiro se posicione contra o golpe no Paraguai. “Não podemos mais permitir que este tipo de baque à democracia continue acontecendo na America Latina. Este ato não é de apoio ao Lugo, mas sim ao povo paraguaio que o elegeu em 2008”.
Impasse - Após o protesto, os manifestantes paraguaios tentaram seguir em marcha rumo ao Brasil, no entanto, foram impedidos pelo militares paraguaios que fizeram um cordão de isolamento. Já os brasileiros acompanharam os paraguaios em marcha até a Praça da Paz, em Ciudad Del Este.
O movimento desta sexta-feira reuniu cerca de quatro mil pessoas, entre brasileiros e paraguaios. A maior parte dos participantes era de paraguaios, o que demonstra um aumento no descontentamento da população com o golpe ocorrido na última sexta-feira (22).
Para o professor Jose Bovadilla, que vive em Distrito Iguaçu, no interior do Paraguai, uma das maiores dificuldades na mobilização do povo é a posição de alguns setores da imprensa paraguaia. “Parece que a imprensa está de acordo com o golpe. Este foi um projeto arquitetado pelo imperialismo sem qualquer consulta popular e a imprensa pouco fala sobre isso”.
O presidente da Federação dos Estudantes de Universidades Públicas do Paraguai, Fabian Franco, apontou que a maioria dos veículos de comunicação do país vizinho parece estar numa tentativa “minimizar a situação”. “A imprensa tem apresentado noticiais como se tudo estivesse bem. Na verdade, muitos deles são realmente ligados ao agronegócio e às imobiliárias”. Para Franco, ainda existem outros grupos interessados em manter a população paraguaia alheia ao que está ocorrendo no país.
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H2FOZ - Fernanda Regina
H2FOZ - Fernanda Regina
Fonte:
Paraguaios e brasileiros fecham a Ponte da Amizade em protesto ao golpe | H2FOZ. Disponível em : http://www.h2foz.com.br/noticia/paraguaios-e-brasileiros-fecham-ponte-da-amizade-em-protesto-ao-golpe