sábado, 22 de agosto de 2015

CORUMBIARA, CASO ENTERRADO SERÁ DEBATIDO NA USP

Após lançamento em Brasília, Corumbiara, caso enterrado será debatido na USP


AGOSTO 22, 2015 - BY ADMIN

Corumbiara, caso enterrado cumpriu mais uma importante etapa: o lançamento em Brasília, na última terça-feira, 18 de agosto, foi o terceiro neste primeiro mês de vida do livro-reportagem que conta a história do chamado “massacre de Corumbiara”. O Balaio Café, na Asa Norte, recebeu pessoas de diferentes áreas de atuação interessadas em saber mais sobre o conflito agrário ocorrido há vinte anos no sul de Rondônia.

Exatamente 30 dias depois do evento de lançamento em São Paulo, já se pode dizer que o trabalho tem cumprido um papel importante no resgate histórico de um capítulo esquecido do Brasil pós-ditadura. Enquanto a maior parte da imprensa decidiu ignorar o “aniversário” de duas décadas do caso, no último 9 de agosto, o livro-reportagem foi um instrumento importante para quem não quis deixar a data passar em branco. Leitores de todo o país têm enviado mensagens de apreço por Corumbiara, caso enterrado, enaltecendo a tentativa de mostrar a complexidade das diferentes versões sobre o caso.

Em julho de 1995, famílias sem-terra ocuparam um pedaço da fazenda Santa Elina, de 18 mil hectares, localizada entre Corumbiara e Chupinguaia, em Rondônia. Durante operação de reintegração de posse iniciada na madrugada de 9 de agosto, doze pessoas morreram – nove posseiros, dois policiais e uma pessoa não identificada. Cinco anos mais tarde, foram condenados três PMs e dois líderes da ocupação. O resumo desta história em um parágrafo é insuficiente. Por entendermos que é preciso ir muito mais a fundo, lançamos Corumbiara, caso enterrado.

Agora, vamos à próxima etapa. O livro será debatido no dia 3 de setembro, às 19h30, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Os professores Dennis de Oliveira e Luciano Maluly, do Departamento de Jornalismo e Editoração, reunirão os alunos para uma conversa com o autor, João Peres, e com o coordenador editorial da Editora Elefante, Tadeu Breda. O evento é aberto ao público. Esperamos vocês!


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MESQUITA, H. A. Corumbiara: o Massacre dos Camponeses. Rondônia, 1995. 2001. Tese (Doutorado em Geografia Humana) FFCLH/USP. São Paulo. Acesso em:  http://revista.fct.unesp.br/index.php/pegada/article/viewfile/887/905

FILME "CORUMBIARA - O MASSACRE DOS CAMPONESES"

09 DE AGOSTO 20 ANOS DO MASSACRE DE CORUMBIARA


terça-feira, 11 de agosto de 2015

A LUTA DE CLASSES: Domenico Losurdo

A Boitempo lança o livro A luta de classes: uma história política e filosófica, do marxista italiano Domenico Losurdo. Depois de seu aclamado A linguagem do império: léxico da ideologia estadunidense, Losurdo se volta para o conceito e a prática da luta de classes e sua atualidade diante da atual crise econômica que se alastra, e provoca: “é certo que a luta de classe tenha de fato desaparecido?”

 

A LUTA DE CLASSES: Domenico Losurdo

UMA HISTÓRIA POLÍTICA E FILOSÓFICA

Domenico Losurdo, Boitempo Editorial



A luta de classes acabou? É ela somente o conflito que se verifica na fábrica entre operário e capitalista? Eis algumas reflexões a que nos convida a obra do filósofo italiano Domenico Losurdo. 
Munido de um materialismo histórico que reconhece suas raízes em Hegel e sem abdicar da herança deixada não só por Marx e Engels, mas também aquela de grandes teóricos e revolucionários marxistas, a obra de Losurdo, em doze capítulos de apurado senso crítico, abre-se a um rigoroso debate com importantes expoentes do pensamento filosófico de ontem e de hoje. Percurso, aliás, no qual o leitor é levado a encontrar curiosas afinidades. Jürgen Habermas e Hannah Arendt esposaram o ocaso da luta de classes já sob o capitalismo, o primeiro fazendo ver as conquistas do Welfare State, a segunda sustentando de modo miraculoso e unilateral a função redentora da tecnologia. Mas não teriam sido os liberais Alexis de Tocqueville e J. S. Mill, ainda no século XIX, a lançar a ideia da dissipação das classes por obra do progresso europeu? Para o autor, mais sólidas são as conclusões do Manifesto comunista: a sociedade burguesa não aboliu as classes, apenas “estabeleceu novas condições de opressão” (p.73).
E é a Marx que a obra nos faz voltar para demonstrar que a luta de classes, mais que esvaecida, deve ser declinada no plural. Assim, não faria sentido a oposição entre emancipação e reconhecimento, cara à tese da primazia hodierna da luta feminista, dos afrodescendentes. E nesse quadro plural emerge também a luta nacional, até mesmo em sua dimensão diplomática ou geopolítica. Parte-se das referências de Marx às lutas de independência da Irlanda, do Lenin que se debruça sobre o problema do imperialismo, da Argélia que interessou a Fanon, da China de Mao e Deng. Uma discussão, de fato, essencial ao Brasil de hoje, envolto em acerbadas lutas de rua, mas também em um ciclo de reconhecimento de direitos e ainda em uma nova configuração geopolítica mundial.
Texto de Marcos Aurélio da Silva] Professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Fonte: SILVA, Marcos Aurélio da, Le Monde Diplomatique Brasil, julho 2015, pg. 39.