Suas inquietações eram derivadas da desconfiança na ciência, na religião e na moral. O espetáculo hediondo da guerra e o irracionalismo tomaram conta da Europa e de todos os valores tradicionais que sustentavam essa civilização. Vale lembrar que nesse momento, o pensamento do psicanalista Sigmund Freud trazia inovações ao revelar que muitos dos atos humanos não estão ligados ao encadeamento lógico. A ausência de controle exercido pela razão e o "automatismo psíquico puro" indicavam os novos rumos da arte.
As tendências verdadeiramente revolucionárias na arte do século XX, que se manifestaram em bloco, de conjunto, no período que vai da primeira até o início da segunda guerra mundial, atingiram o seu ponto culminante na década de 30, após o crack da Bolsa de Nova Iorque, que dará lugar ao período de maior polarização entre a revolução e a contra-revolução na história da humanidade. Em 1929, Luís Buñuel lançava Um cão andaluz e, em 1930, A idade de ouro, expressão cinematográfica desta corrente revolucionária que percorria o mundo e que se manifestava na pena de Breton, Eluard e Peret e no pincel de Max Ernst, Miró, Picasso, Ives Tanguy e muitos outros.
Veja o filme, Um cão andaluz no YouTube (em duas partes)...
1ª Parte: http://www.youtube.com/watch?v=tdeWWjJ4FZ4
2ª Parte: http://www.youtube.com/watch?v=37RcwVC38zA&NR=1
No programa do balé Parade, apresentado em 18 de maio de 1917, foi empregada publicamente, pela primeira vez, a palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o cenário e a indumentária, cujo efeito foi tão surpreendente que se sobrepôs à coreografia. A música de Erik Satie era uma mistura de jazz, música popular e sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e vilões, mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram propícios para receber a nova mensagem cênica demasiado provocativa devido ao repicar da máquina de escrever, ao zumbidos de sirene e dínamo e aos rumores de aero-plano previstos por Cocteau para a partitura de Satie. Já a ação coreográfica confirmava a tendência marcadamente teatral da gestualidade cênica, dada pela justaposição, colagem de ações isoladas seguindo um estímulo musical.
SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER (Org.). O surrealismo.
São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).
Veja um vídeo do YouTube, também em duas partes, de um exemplo da dança surrealista...
Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=SrmAXPUzb2c&feature=related
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=tciXUk9qnRc&feature=related
Abaixo mostro um vídeo bastante explicativo sobre o assunto que encontrei no canal de perukos no YouTube.
Endereço do Canal de perukos (Profeta Video Produções): http://www.youtube.com/user/perukos
Parte do Manifesto Surrealista, apenas o primeiro parágrafo...
Manifesto do Surrealismo
(André Breton - 1924)
Manifesto do Surrealismo
(André Breton - 1924)
Tamanha é a crença na vida, no que a vida tem de mais precário, bem entendido, a vida real, que afinal esta crença se perde. O homem, esse sonhador definitivo, cada dia mais desgostoso com seu destino, a custo repara nos objetos de seu uso habitual, e que lhe vieram por sua displicência, ou quase sempre por seu esforço, pois ele aceitou trabalhar, ou pelo menos, não lhe repugnou tomar sua decisão ( o que ele chama decisão! ) . Bem modesto é agora o seu quinhão: sabe as mulheres que possuiu, as ridículas aventuras em que se meteu; sua riqueza ou sua pobreza para ele não valem nada, quanto a isso, continua recém-nascido, e quanto à aprovação de sua consciência moral, admito que lhe é indiferente. SE conservar alguma lucidez, não poderá senão recordar-se de sua infância, que lhe parecerá repleta de encantos, por mais massacrada que tenha sido com o desvelo dos ensinantes. Aí, a ausência de qualquer rigorismo conhecido lhe dá a perspectiva de levar diversas vidas ao mesmo tempo; ele se agarra a essa ilusão; só quer conhecer a facilidade momentânea, extrema, de todas as coisas. Todas as manhãs, crianças saem de casa sem inquietação. Está tudo perto, as piores condições materiais são excelentes. Os bosques são claros ou escuros, nunca se vai dormir.
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