INTRODUÇÃO
A
Chacina da Lapa ou Massacre da Lapa (16 de dezembro de 1976) foi uma operação
do exército brasileiro no comitê central do PCdoB - localizado na Rua Pio XI,
nº 767, no bairro da Lapa em São Paulo - que culminou com a morte de três dos
dirigentes do partido. Na ocasião o partido era mantido de maneira clandestina
em função da proibição imposta pelo regime militar. A operação foi possível
pela traição de Jover Telles, membro do CC, que fora cooptado pela repressão
desde há muito. João Baptista Franco Drummond, preso no dia anterior, à tarde,
após sair da casa é levado ao DOI/CODI e assassinado, sob tortura, na
madrugada. Ângelo Arroyo e Pedro Pomar, sem esboçar qualquer reação, foram
mortos na incursão e mais cinco integrantes - Elza Monnerat, Haroldo de Lima,
Aldo Arantes, Joaquim de Lima e Maria Trindade foram presos e torturados. Conseguem
escapar da prisão José Novaes e Jover Telles.
o massacre da lapa
Tirado
do DVD - Direito à Memória Verdade e Justiça – do Ministério da Justiça,
relativos aos Estudos e Implantação da Comissão da Verdade no Brasil, sob o
Título – Massacre da Lapa.
“Num primeiro momento
eles não entendem o que acontece, o estrondo, o reboco caindo. A Arroyo não lhe
dão sequer esta chance. Sai do banheiro, ‘Que é isso?’, e então é atingido
pelas costas com tal impacto que o corpo parece saltar para a frente. ‘Que
desgraça! Nos pegaram’, grita Pomar”. Com essas palavras, um neto do antigo
líder comunista Pedro Pomar procurou reconstituir, em seu livro, o espanto e a
surpresa dos dirigentes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) ante a investida
dos órgãos de repressão contra o “aparelho” em que se encontravam – reconstituição
sustentada a partir do relato de Maria Trindade, sobrevivente daquilo que ficou
conhecido como o “Massacre da Lapa”.
Era cerca de 7 horas
da manhã do dia 16 de dezembro de 1976, quando, na Rua Pio XI, na Lapa, em São
Paulo, militares do Exército e policiais invadiram e metralharam a casa de
número 767. Dentro da casa estavam Ângelo Arroyo, Pedro Pomar e Maria Trindade,
membros do Comitê Central do PCdoB e remanescentes das reuniões da alta cúpula
do partido que ali tiveram lugar nos dois dias anteriores.
Era o desfecho de uma
operação preparada e conduzida desde o início daquele mês pelo Centro de
Informações do Exército (CIE) e pelo Destacamento de Operações de Informações -
Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) paulista. Seu objetivo:
desarticular a última organização de esquerda clandestina ainda capaz de
desenvolver algum tipo de ação revolucionária. Aos olhos dos integrantes da
máquina repressiva montada pela ditadura, tratava-se de dar também uma demonstração
de força contrária ao processo de distensão política anunciado pelo governo do general
Ernesto Geisel. Essa máquina tinha o apoio explícito da maioria dos comandantes
e ministros militares, mas temia especialmente as consequências da liberação da
censura nos jornais da grande imprensa e os debates parlamentares.
Em 1975, seus membros
já haviam demonstrado a intenção clara de forçar a retomada do ciclo punitivo –
os casos de tortura triplicaram em relação ao ano anterior; a “Operação Radar”
atingiu violentamente o Partido Comunista Brasileiro, desmantelou o Comitê
Central, prendeu centenas de militantes e simpatizantes.
No caso do Massacre
da Lapa, militares e policiais diretamente envolvidos com as forças de
repressão festejaram um refluxo da política de distensão. Foi a última grande
operação de aniquilamento das organizações de esquerda levada a cabo pela ditadura.
Para
saber mais:
POMAR,
Pedro Estevam da Rocha. Massacre na Lapa. São Paulo: Editora
Perseu
Abramo, 2006.
COELHO,
Marco Antônio Tavares. Herança de um sonho: as memórias
de
um comunista. Rio de Janeiro: Record, 2000.
Referências
bibliográficas:
POMAR,
Pedro Estevam da Rocha. Massacre na Lapa. São Paulo: Editora Perseu Abramo,
2006.
COELHO,
Marco Antônio Tavares. Herança de um sonho: as memórias de um comunista. Rio de
Janeiro: Record, 2000.
GASPARI,
Elio. A ditadura encurralada. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
CARVALHO,
Luiz Maklouf et al. Pedro Pomar. São Paulo: Brasil Debates,
1980.
PARABÉNS AS FFAA
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