Texto de: Áli Haddad – advogado militante
em Curitiba-PR - Membro do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/PR.
Os olhos do mundo estão, sem dúvida, voltados
aos acontecimentos que vêm ocorrendo na República Árabe da Síria, país secular,
berço da civilização, e que, repentinamente se vê mergulhado em uma situação
dramática a que estamos assistindo como sendo um movimento que visa a derrubada
de uma cruel ditadura em favor da democracia e que a mídia internacional tenta
nos impingir como sendo uma revolta do próprio povo sírio.
Ao vermos, diariamente, tais notícias
elaboradas por interesses outros, é preciso que se busque tentar estabelecer a
verdade dos fatos, o que, por certo, não é privilégio nosso, mas de qualquer um
que faça uma análise mais detida sobre o que, efetivamente, vem ocorrendo na
Síria.
A Síria é um país peculiar, localizado num
dos locais mais privilegiados, estratégicos e, claro, quentes do Oriente Médio
e tem uma vasta e, hoje, extremamente perigosa fronteira: com Israel, poderoso
aliado e protegido dos EUA; e com o Iraque, que neste momento é “propriedade”
dos americanos depois de sua total destruição. Ao norte, tem a Turquia que
pelos relatos históricos nunca manteve boas relações com a Síria que foi
território turco pela ocupação otomana.
A Síria tem, hoje, muitos problemas e um
deles é que tem acesso ao Mar Mediterrâneo e tal situação estratégica, é ponto
fundamental para os poderes oligárquicos com interesses na região. E tal acesso
ao mar lhe dá um certo poder. Neste acesso existe até hoje uma base militar,
antes da URSS, hoje da Rússia, no porto de Tartus. E, é claro, de grande
interesse russo, pois que é sua intenção assim mantê-la, com Bashar El Assad,
que lhes garante a permanência.
A Síria sempre foi um grande polo turístico.
Visitantes de todo mundo vinham à Síria pelos seus sítios arqueológicos e
importantes lugares históricos. Muitas culturas ali passaram, dentre eles
romanos, persas e lá deixaram suas marcas em épocas em que a Síria era uma
importante ligação entre o Oriente e o Ocidente.
Hoje se diz no Ocidente que o grande problema
da Síria está na presença de Bashar El Assad, o atual presidente, eleito pelo
povo. No entanto, a população Síria sempre esteve bem sob este governo, apresentando
visíveis melhoras sociais e econômicas, vivendo satisfatoriamente.
Mas o que “prejudica” a Bashar é que ele não
se alinhou a outros interesses, tais como dos EUA ou da OTAN, nem lhe agrada o
FMI e tal é um problema para Bashar e a Síria.
O que ocorre há mais ou menos dois anos na
Síria é que surgiu, de repente, um pequeno grupo insurgente que começou a
praticar ações militares – do tipo terrorista – e a mídia internacional passou
a vender tais atos como sendo de libertação e as ações do exército regular
sírio, ao reprimir tais ações insurgentes, como ações terroristas, o que nunca
ocorreu. E tais grupos, de imediato transformaram-se em centenas e depois num
verdadeiro exercito com nada menos que 70.000 homens bem armados e equipados a enfrentar
o exercito regular sírio.
E de onde vieram esses grupos? Por óbvio não
são sírios. São, na verdade mercenários recrutados das mais diversas partes do
mundo como Ásia, África, e de outros lugares, armados, treinados e equipados
por “estranhas forças” e financiados e supridos com armamentos pesados e de
última geração.
E como iniciou tudo isso? Em princípios de
2011 começaram a perpetrar uma serie de manifestações e provocações em Damasco,
que culminaram dramaticamente. Em seguida, a cidade de Homs transformou-se em
um importante baluarte para esses grupos e o exercito sírio fez uma contra ofensiva,
porém não conseguiu eliminar totalmente o que passou a ser chamado de “exército
de libertação sírio” ou “exército livre da Síria”. Pouco a pouco se percebeu
que esta força não regular passou a estabelecer certo controle na região
noroeste da Síria - nas principais cidades, como Hama e Halab (Allepo), e não
só isso, mas ao que parece estão a receber importante apoio, não só bélico, mas
logístico e financeiro a partir do Iraque sob o controle americano.
Além disto, também a partir da Turquia, todo tipo
de suprimento tem entrado na zona controlada pelo dito exército livre da Síria,
a partir do norte. Também há que se considerar as colinas de Golan, tomadas aos
sírios por Israel na chamada guerra de Yom Kippur, portanto zona controlada por
forças hostis à Síria e por onde, também, chegam suprimentos e armamentos para
o dito exercito livre da Síria, que nada mais são que mercenários contratados a
peso de ouro por todo o mundo, para tentar desestabilizar e derrubar o Governo
Sírio de Bashar El Assad, da mesma forma que ocorreu com Kadhaffi na Líbia.
A situação, hoje, em Damasco e na Síria, como
um todo, é lamentável. Os ataques já se aproximam do Palácio Presidencial, e
boa parte do staff Sírio já foi
desmantelado. O que, então esperar para Bashar El Assad? Pode-se dizer que o
que ocorreu na Líbia se repetiria na Síria, pois o quadro é exatamente igual. Também
é bom lembrar que, a exemplo do Iraque, já se acusa a Síria de possuir e ameaçar
usar armas químicas de destruição em massa, o que justificou a destruição
daquele país, hoje mergulhado em uma situação de total destruição onde não se
vê nem uma faísca da tão prometida democracia que lá se prometeu instalar. O
problema da Síria apresenta-se como um dejavu.
Estes mercenários financiados e apoiados em
zonas garantidas por militares estrangeiros, sob os auspícios da OTAN, já falam
em construir fortificações e postos avançados, com ajuda financeira e bélica de
monta incalculável. Tais mercenários, que atuam sem qualquer escrúpulo,
apoiados por forças estrangeiras com interesses diretos na região pensam que
estão aptos à destruição total da Síria, como desejam e, em consequência,
depois de tudo destruído, com a interferência de forças multinacionais, aliados
dos EUA, poderão instalar seus Bancos e estratégicas bases militares
americanas, ou da OTAN ou multinacionais aliadas e em consequência viria, para
o povo sírio, a pobreza, a falta de recursos e de tudo o mais que hoje existe
na Síria como o pungente progresso que vinha tendo e o bem estar do seu povo.
Com isto, pensam tais invasores, que se estabelecerá a tão falada “Nova Ordem
Mundial” que, se estabelecida, será, mais uma vez, construída sobre a invasão e
a destruição de um povo e de uma Nação que não se curvou diante dos interesses
das forças do imperialismo mundial.
Que “Deus” proteja a Síria e a Humanidade!
Por Áli Haddad – advogado militante em
Curitiba-PR.
Membro do Tribunal de Ética e Disciplina da
OAB/PR
Presidente da Comissão Eleitoral da OAB/PR
nas Eleições de 2006 – 2009 e 2012
Bom artigo da lavra do DR. Áli Haddad. Peço permissão apenas para citar os principais governos genocidas responsáveis pelo terrorismo na Síria: EUA, Israel, Inglaterra, França, Turquia, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes.
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