7 DE MARÇO DE 2012 - 9H19
Responsável por condenar a União desde 2003 na busca pela ossadas
dos mortos na Guerrilha do Araguaia, a juíza Solange Salgado, da Justiça
Federal de Brasília, diz que o governo tem sido leniente na procura.
"No governo, pelo que se extrai, é que ainda não chegou a
hora de entregar os corpos [dos guerrilheiros]. [...] O grupo [de buscas] foi
feito, inseriu os familiares, mas aonde se precisa ir no Araguaia não se
vai", disse a juíza.
Organizado pelo PCdoB, o conflito foi o maior foco da luta armada
contra a ditadura militar. Cerca de 70 dos guerrilheiros foram mortos, mas só
dois foram identificados até hoje.
Segundo Salgado, a atuação do GTA (Grupo de Trabalho Araguaia),
iniciado em 2009, não evolui por causa de um "pacto de silêncio"
selado por militares que atuaram no conflito. Ela diz que o acordo tem a
anuência do comando do Exército.
O pacto foi revelado pelo militar Lício Augusto Ribeiro no livro
"O Coronel Rompe o Silêncio", do jornalista Luiz Marklouf Carvalho.
Ribeiro participou das campanhas contra os guerrilheiros.
"Dois dos cinco militares que fizeram esse pacto me disseram
que estão dispostos a falar, mas dependem da autorização do comandante do
Exército. O Ministério da Defesa, que trata dessa questão, ainda não me
respondeu."
"Precisamos de uma participação mais efetiva do governo, que
está tendo um gasto imenso, e os objetivos não estão sendo alcançados",
afirmou a juíza. "Precisamos inclusive de uma contribuição maior da
Presidência, que é chefe máxima das Forças Armadas."
De acordo com Salgado, se a situação não mudar, a Justiça Federal
e o Ministério Público, parceiros do GTA, farão um "caminho
independente" de buscas na Amazônia.
Fonte Original Folha de São Paulo:
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